13.11.16

A ousadia move o mundo

Tenho dito que você deveria libertar-se das amarras, saltar profundo e viver a vida. Acontece que isso é uma proposta retórica. Não estou pregando que você deva realmente abandonar tudo e sair correndo agora mesmo. Simplesmente porque não há profundidade suficiente para todos saltarem, ao mesmo tempo. Aliás, se todos saltassem perderíamos as referências. Se todos saltassem — saltar passaria a ser uma coisa banal, comum. Se todos largassem tudo, a vida viraria uma bagunça... 

Seria o caos. 

E se tem uma coisa pior do que a ordem absoluta, é a desordem absoluta. Portanto, é preciso que quase todos permaneçam exatamente como estão, atolados nessa desgraçada rotina quotidiana — e cuidando das engrenagens do mundo — para que apenas uns poucos, pouquíssimos, saltem profundos. 




Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


As grandes inteligências conseguem considerar duas ou mais visões contrastantes — ou contraditórias, e até mesmo antagônicas — de uma mesma questão, analisá-las ambas ou todas em conjunto, simultaneamente, e não preferir nenhuma delas até que alguma conclusão logicamente satisfatória e defensável se apresente. 



Não espere a graça do cisne no pescoço de um pato.


A liberdade é perigosa. A vida livre é arriscada, insegura, incerta, é cheia de surpresas, cheia de perigos e de buscas, mudanças, sobressaltos. A liberdade é muito perigosa... Só quem ama o risco é que pode ser livre. Só quem é dono de si mesmo é que pode ser livre de verdade. Só quem é dono do próprio destino é que arrisca a vida para salvar a própria vida. A liberdade, portanto, não é para qualquer um: os acomodados e os covardes jamais serão livres. Escravos não conseguem ser livres. E a segurança da gaiola seduz. 



Mas se vocês não arriscam nada — pretendem ganhar o quê?









Esta frase acima foi dita por Zalmann (*), personagem do livro O Evangelho de Edma Lux, escrito por Paritosh Keval, e cuja versão em português estará sendo lançada em fevereiro de 2023.

(*) Quinto evangelista.



Se você ama de verdade uma determinada pessoa — liberte-a de você, primeiramente. Depois, procure ajudá-la a libertar-se de si mesma, e também da eventual necessidade que ela possa ter de às vezes ligar-se de forma dependente a certas relações aprisionantes. Libertar é salvar. Mas também nunca se esqueça de que salvar-se é libertar-se. De si — e dos outros.


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Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.

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Meu poema MUDE abre este vídeo,

E abre os horizontes pra você.





Amar é permitir sempre. Amar é deixar que o outro vá  ou que fique, se assim o desejar. Amar é ter um respeito absoluto pela própria liberdade e pela liberdade do outro. Amar é compreender sempre. E isso não significa apenas entendimento racional, vai além, muito além: Amar é reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas. Mesmo que essas escolhas eventualmente me excluam.





Eu te amo quando não preciso mais dizer te amo.
Eu te amo quando reconheço teu Direito de Fazer Escolhas.
Eu te amo quando respeito tua própria liberdade tanto quanto a minha.
Eu te amo quando compreendo tua vontade de às vezes ficar só.
Eu te amo quando não te sufoco com chiliques ou pressões.
Eu te amo quando ponho afeto entre as nossas distâncias.
Eu te amo quando aplaudo os teus desejos de voar.
Eu te amo quando me convenço de que o ciúme é algo a superar.
Eu te amo quando te ajudo a ser mais livre do que eras quando eu te conheci.
Eu te amo quando a recíproca a tudo isso também é verdadeira.





Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


Abraço sempre a liberdade das minhas concepções estéticas — e escrevo. Na verdade, eu rabisco palavras de amor em defesa da Vida. Não para que você concorde comigo, mas para transmitir emoções — racionalmente. Escrevo para te provocar — amorosamente. Para que você pense um pouco mais sobre essa vida que hoje leva. Para que você veja o mundo de outra forma. Escrevo principalmente para excitar teu intelecto e abrir teu coração ainda mais. Por isso eu vibro tanto a cada vez que o meu verbo livre entra no teu peito e dança.



Eis o vídeo do meu poema MUDE, com a genial interpretação do Abujamra.


O desapego é a mais pura forma de amor. Essa minha frase é apenas um resumo do que me disseram dois grandes mestres: Sidarta, o criador do Budismo, e Jesus, aquele que fez o Sermão da Montanha. Eles sussurram todo dia essas coisas para mim. Ambos pregavam exatamente isso: o desapego. Sei que é difícil desapegar-se. Demora muito. Mas, mesmo assim, é preciso ir além. É preciso que nos tornemos não só desapegados, como também desnecessários. Ou seja, é preciso permitir que o outro também de nós se desapegue. Libertar-se — e permitir que o outro também se liberte. Todas as grandes religiões e filosofias orientais pregam exatamente isso. Mas, nós, aqui no Ocidente, apressados e materialistas, ainda estamos longe disso. Somos muito pesados. É uma pena.

Leias outros textos meus sobre o desapego AQUI.



Mude 



Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo sabor,
o novo prazer, o novo amor.
(...)
Tente.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
(...)
Só o que está morto não muda !
Edson Marques 


Dê um click acima para ler o poema todo. 

Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura
Poema MUDE - Registro: 294.507 - Livro: 534 - Folha: 167
 




Tem hora de parar — e tem hora de partir. Tem hora de permanecer quieto e calado num canto, e tem hora de cantar e de voar. E agora não é hora de dobrar as asas, nem de catar gravetos para fazer o ninho. Não é hora de buscar consolo, nem de caiar o túmulo (...) Portanto, não envenene com teu medo a minha dança. Seja só uma testemunha desta vertigem.

Porque agora, agora é hora de voar. É hora de abrir-me a todas as possibilidades. E saltar num voo livre e sem destino para dentro de mim mesmo.

Leia aqui o poema todo.